QUANDO A DECOLONIALIDADE OCUPA A ACADEMIDA DE FORMA AUTÔNOMA...TRÊS BANCAS DE MESTRADOS (PPGER/UFSB) DEFENDIDAS EM TRÊS DIAS SEGUIDOS E ORIENTADAS POR CASÉ ANGATU
Por Casé Angatu
Segunda (14/02/2022), terça (15/02/2022) e quarta (16/02/2022) desta semana que passou ocorreu em cada um desses três dias uma Banca de Defesa de Dissertação de Mestrado de três mulheres que tive (Casé Angatu) a honra de orientar junto ao Programa de Pós-Graduação em Ensino e Relações Étnico-Raciais – Campus Jorge Amado de Itabuna/Ilhéus (PPGER/UFSB/CJA). Três Dissertações tendo como tema e causa os Tupinambá de Olivença (Ilhéu/BA). Três demonstrações da prática decolonial e atunomista. Sabe porque? Leia o texto que segue
QUANDO A DECOLONILIADE OCUPA A ACADEMIDA DE FORMA AUTONOMA...ELA LUTA E RAMEA CONOSCO !
Isto mesmo, foram três bancas sequênciais cujas temáticas/militância giravam sempre entorno do Povo Tupinambá de Olivença (Ilhéus Bahia), tratando: do manejo da pïa’sawa (piaçava), do direito/criminalização indígena e da educação escolar na Escola Estadual Indígena Tupinambá do Abaeté.
Três dissertações apresentadas por mulheres que talvez pelo tema e forma da escrita não seriam aceitas por mestrados chamados de “acadêmicos” e/ou muitos programas de pós-graduação. Lá estavam elas defendendo suas dissertações:
Liliane Figueiredo Viana - 14/02/2022
Cinthia Bezerra da Silva - 15/02/2022
Gicélia Menezes de Matos santos - 16/02/2022
Demonstrações da prática de autonomia porque nenhuma das três receberam bolsas de estudos/pesquisa, auxílio transporte, alimentação e manutenção. Sim ... durante a realização de seus mestrados, como as pessoas orientadas anteriores, continuaram trabalhando, enfrentando a pandemia e o governo fascista . Desses orientanados anteriores escreverei outros textos sobre essas pessoas guerreiras que já mestraram:
Katu Tupinambá
Maria Gilcélia
Márcia Senger
Ayra Tupinambá (Vanessa)
Dehevehe Pataxó HáHãHãe
OBS: estas dissertações estão disponíveis no Banco de Dissertações do PPGER/UFSB
Demonstrações práticas de autnomia na qual me incluo porque sou Docente Externo no PPGER/UFSB/CJA. Essa condição não envolve remuneração. Isto mesmo, não existe nenhuma forma de remuneração para ser Docente Externo, lecionar e orientar numa Universidade Pública Federal.
Precarização das condições docentes? Claro que sim até porque todas as pessoas docentes participantes das bancas, incluindo das três aqui citadas, no geral não recebem mais pró-labore. Aproveito pra dizer kwekatureté (gratidão) à todas seis pessoas docentes que participaram das três bancas (os nomes delas seguem na sequência quando apresentar os trabalhos).
Atuar numa instituição pública federal (PPGER/UFSB/CJA) sem remuneração como faço é praticar o autonomismo, pelo menos assim vejo na forma como leciono. Digo isto porque em meu caso trata-se ocupar um espaço e potencializar a ocupação deste mesmo lugar por pessoas indígenas, negras, quilombolas, ciganas, trans, LGBTQIA+, estrangeiras, movimentos de luta pela terra, movimentos sociais. Pessoas que como eu, por vezes, não temos espaços em mestrados chamados “acadêmicos” e muitos programas de pós-graduação.
Potencializar a produção de um conhecimento que já produzimos e que seja cada vez mais próximo das nossas formas de linguagens. Potencializar a audição dos saberes originários e populares no sentido da transformação não só cultural, mas também social. Possibilitar a construção de mais arcos e flechas pra nossas lutas cotidianas e seculares contra o estrutural colonialismo, racismo e capitalismo
Sem remuneração, pró-labore e bolsas ... ocupamos espaços com nossas linguagens e saberes ... fazemos nossas vozes ecoarem na luta por nossos direitos e defendermos a Natureza Encantada da qual somos parte.
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AS TRÊS DISSERTAÇÕES
“MANEJO TUPINAMBÁ DA PÏA’SAWA COMO PERTENCIMENTO À NATUREZA E (RE)EXISTÊNCIA IDENTITÁRIA ORIGINÁRIA: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA INDÍGENA DE OLIVENÇA (ILHÉUS/BA)”
Autoria: Liliane Figueiredo Viana - 14/02/2022
Orientador: Casé Angatu
Banca: Profa. Dra. Profa. Dra. Mariele Rodrigues Correa (UNESP-PPGPSICO) - examinadora externa; e Prof. Dr. Cleber Braga (UFSB/PPGER/CJA)- examinador interno
Autoria: Cinthia Bezerra da Silva - 15/02/2022
Orientador: Casé Angatu
Banca: Prof. Dr. Saulo Luders Fernandes (UFAL) - examinador externo; e Profa. Dra. Alessandra Mello Simões Paiva (UFSB/PPGER/CJA) - examinadora interna
“CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) DA ESCOLA ESTADUAL INDÍGENA DO ABAETÉ (EEITA) EM OLIVENÇA (ILHÉUS/BA)”
Autoria: Gicélia Menezes de Matos Santos - 16/02/2022
Orientador: Casé Angatu
Banca: Prof. Dr. José Valdir de Jesus Santana (UESB/DFCH/PPGREC/PPGE) - examinador externo; e Prof. Dr. Rafael SIqueira de Guimaráes (UFSB/PPGER/CJA) - examinador interno
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O QUE TRATAM AS TRÊS DISSERTAÇÕES
“MANEJO TUPINAMBÁ DA PÏA’SAWA COMO PERTENCIMENTO À NATUREZA E (RE)EXISTÊNCIA IDENTITÁRIA ORIGINÁRIA: POSSIBILIDADES PARA O ENSINO DA HISTÓRIA E CULTURA INDÍGENA DE OLIVENÇA (ILHÉUS/BA)”
Autoria: Liliane Figueiredo Viana - 14/02/2022
Orientador: Casé Angatu
“DIREITOS INDÍGENAS E CRIMINALIZAÇÕES NO CONTEXTO DA LUTA TUPINAMBÁ DE OLIVENÇA (ILHÉUS/BA): CONTRIBUIÇÕES PARA UM GUIA DE APOIO PEDAGÓGICO NAS ESCOLAS INDÍGENAS”
Autoria: Cinthia Bezerra da Silva - 15/02/2022
Orientador: Casé Angatu
“CONTRIBUIÇÕES PARA A CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO (PPP) DA ESCOLA ESTADUAL INDÍGENA DO ABAETÉ (EEITA) EM OLIVENÇA (ILHÉUS/BA)”
Autoria: Gicélia Menezes de Matos Santos - 16/02/2022
Orientador: Casé Angatu
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