ANIVERSÁRIO DE SÃO PAULO!? MAS, PIRATININGA JÁ NÃO EXISTIA ANTES – Por Casé Angatu
Por uma outra História Decolonial da Cidade de São Paulo como também Indígena, Negra, Nordestina, Migrante, Imigrante, Refugiada, de muitas Lutas de Resistências & (Re)Existências Populares!
Por Casé Angatu
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Este ano (2022) completam 24 anos do lançamento da primeira
edição do meu Livro “Nem Tudo Era Italiano: São Paulo e Pobreza na Virada do
Século (1889-195)”. Da mesma forma, são mais de duas décadas que também ofereço
um Curso lançando outros olhares decoloniais sobre a história da Cidade a
partir da presença indígena em sua passada/atual formação, falando das periferias,
das camadas populares, negras, nordestinas, resistências e (re)existências
populares.
Um Curso itinerante realizado em diferentes espaços,
inclusive debaixo de viadutos e sempre composto por Aulas de Campo por algumas
das ruas paulistanas – o vídeo aqui exibido foi durante uma dessas Aulas de
Campo. Curso com artesanato indígena, produtos de manuseio originário (farinha,
pimenta, azeite de dendê, óleo de coco, licores, cachaças etc), contando com a
presença da parentada e que finaliza quase sempre com um ritual indígena
(Porancy).
Vale destacar: Aulas de Campo iniciadas numa época (20 anos
atrás) que poucas pessoas faziam Aulas de Campo pelas ruas da cidade – não é
mesmo meu grande amigo Luiz Seixas que também fazia Aulas de Campos pelas ruas.
Somos mesmo rueiros ou arruaceiros ... acho que as duas coisas ... não é
Seixas?
Livro e Curso que são extemporâneos porque a vinte anos atrás
era difícil alguém olhar a cidade partindo da periferia, de um olhar indígena, negro,
nordestina e extremamente crítico às visões tradicionais.
Vinte quatro anos atrás era difícil alguém dizer/escrever e
defender um mestrado assinalando que em São Paulo:
- “nem tudo era italiano;
-São Paulo é também uma Cidade Indígena, Negra, Nordestina, Migrante, Cabocla”;
- a cidade experimentou (ainda) experimenta um processo de
limpeza sociocultural envolvendo branqueamento e europeização arquitetônica,
urbana e humana porque
"Havia um projeto de europeização
arquitetônica, urbanística e populacional. Buscava-se a apagar qualquer traço
indígena, caipira, caboclo e negro da cidade. O objetivo era uma 'limpeza
sociocultural' visando o branqueamento da população, perseguindo práticas e
espaços de vivencias das camadas populacionais nacionais nas áreas mais
centrais e suas adjacências. Procurava-se a formação de um mercado de trabalho
supostamente controlado e disciplinado" (ANGATU, Casé – SANTOS, Carlos.
José F. “Nem Tudo Era italiano – São Paulo e Pobreza - 1890-1915. São Paulo:
Annablume/Fapesp, 4ª. Edição, 2018. – Maiores informações sobre o livro veja o
link listado no final deste texto).
Vinte quatro anos atrás era difícil alguém dizer/escrever e
defender um mestrado assinalando que em São Paulo:
- as elites paulistanas de origens bandeirantes ou de
imigrantes ricos atuando sobre a cidade tentando privatizar os espaços públicos,
combater práticas populares, se apropriando de instituições públicas, criando
bairros elitizados com inspirações europeias: Campos Eliseos, Cidades Jardins,
Pacaembu, Perdizes, Alto da Mooca etc
- porém, os territórios indígenas, negros, populares, das
periferias nunca deixaram de existir;
- havia resistência e (re)existência sociocultural das
camadas populares;
- vivências socioculturais de resistência e (re)existência
popular tais como: kaiapó, congadas, moçambiques, folia de reis, batuques,
violeiros, transformar São Sebastião em Oxóssi, lavadeiras na Várzea do Carmo, vendedoras(es) de raízes, quitutes,
andar descalço pelas ruas, camelos, trabalhos informais
- falar que a migração nordestina como também foi a diáspora
indígenas/nordestina: “carcará ... não vai morrer de fome ... carcará ... pega,
mata e come”;
- conversar sobre a força das ocupações (Viva Anita
Garibaldi), favelas, cortiços, rua
Conceitos e análises que adiaram a publicação do livro por
mais de um ano porque os avaliadores da Fundação de Amparo à Pesquisa de São
Paulo (FAPESP) discordavam destas leituras. Até porque falar/escrever sobre
essas coisas a 22 anos atrás era “muita transgressão quem é afinal de contas
você?”
Porém, um Curso e Livro pouco comentado pela mídia mesmo dita
alternativa ou em espaços alternativos dentro da grande imprensa. Espaço que
divulgam outros cursos e livros sobre a cidade destacando algumas novidades que
já praticamos fazem 24 anos.
Mas acho que sei por que alguns desses veículos “ignoram” nosso Livro e Curso. Não é só por causa de um estrutural racismo até porque as questões identitárias tornaram-se mesmo “moda”. Por vezes leio matérias identitárias e decoloniais nessa “mídia não lugar” (mídia não lugar é um conceito meu que significa mídia que tornar mercadoria) dizendo coisas que falamos/escrevemos 24 anos atrás, mas retirando a crítica ao capitalismo. Coisas como: “São Paulo não é só italiana, mas também uma Cidade Indígena, Negra, Nordestina, Migrante, Refugiada e Imigrante”.
Então porque ainda o pouco espaço que ocupa o Livro e o
Curso: na minha compreensão é porque este que escreve não pensa e atua somente
de forma identitária e decolonial. Penso/sinto e atuo indígenas/decolonialmente
por um “mundo onde caibam vários mundos, com igualdade social, respeitando as
diferenças”.
Não sou só antifascista ... sou fortemente anticapitalista.
Capitalismo que através do estado em seus diferentes níveis e da justiça criam
e consolidam como normais a exploração do homem pelo homem e uma imensa
desigualdade social. Capitalismo não como um conceito universal, mas quem tem
nomes/empresas/instituições, estado e justiça: marginalizando as populações,
desapropriando, realizando reintegrações (invasões) de posse, não demarcando
terras indígenas/quilombolas, assentando trabalhadores rurais e criando cidades
como São Paulo injustas socialmente e economicamente.
Porém, sempre existe muitas resistências e (re)existências
que são profundas, estruturais, históricas e que escrevem as mais belas páginas
da histórias de lugares como Piratininga (São Paulo).
Como alguns veículos de mídia ofereceriam espaço a quem pensa
que a resistência e (re)existência indígena e popular constrói cotidianamente
formas coletivas alternativas ao capitalismo. Formas alternativas coletivas e
não como soluções individuais de empoderamento/apoderamento. Lembrei de Paulo
Freire: ““QUANDO A EDUCAÇÃO NÃO É LIBERTADORA, O SONHO DO OPRIMIDO É [PODE] SER
OPRESSOR”
Vejo em São Paulo e em diferentes lugares essas maneiras
Coletivas, Alternativas e Autonomistas de Resistências e (Re)Existências
indígenas e populares que já superaram o capitalismo e já constroem “mundos
onde cabem vários mundos, com igualdade social, respeitando as diferenças”.
Por causa da pandemia são dois anos sem oferecer nosso “Curso
Histórias e Culturas Indígenas e a Cidade de São Paulo”.
Porém, modestamente faço um convite para olhar a Piratinga (Cidade de
São Paulo) a partir dos meus livros, capítulos, artigos, poesias e vídeos sobre
a cidade.
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Segue algumas indicações que em alguns casos podem ser lidas e
assistidas gratuitamente baixando os arquivos pela internet.
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LIVROS
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1) ANGATU, Casé (SANTOS, Carlos José F. dos).“Nem Tudo Era
Italiano – São Paulo e Pobreza na virada do século (1870-1915)”. São Paulo:
Annablume/FAPESP, 4a. Edição 2018.
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2) ANGATU, Casé (SANTOS, Carlos José F. dos). “Identidades
Urbanas e Globalização – a formação dos múltiplos territórios em Guarulhos/SP”.
São Paulo: SINPRO/GRU, 2006
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3) ANGATU, Casé (SANTOS, Carlos José F. dos). “Indígenas
Identidades Paulistas”. In: Organizadores: COSTA, Paulo de Freitas, COSTA, Ana
Cristina Moutela. “Cadernos da Casa Museu Ema Klabin; v. 2: identidades
paulistanas”. São Paulo: Fundação Cultural Ema Klabin, Disponível Online em: https://emaklabin.org.br/.../cadernos-da-casa-museu.../...
, 2020
4) ANGATU, Casé (Carlos José F. Santos). Dossiê:
De/S/Colonização Estética: Saberes Tradicionais, Artes, Dissidências. In: ANGATU,
Casé; AGUILUZ-IBARGÜEN, Maya; BRAGA, Cleber; e GUIMARÃES, Rafael Siqueira de
(Orgs.). Revista Espaço Acadêmico. Maringá. UEM, 2021. Disponível em:
https://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/60509/751375152906?fbclid=IwAR1RDNYIDffpT3lPS-ZtSQg5Uq0QcGN3e4Btu3YpAs5CNskUC7HnlAHOAZc
OBS: meu capítulo encontra-se nas páginas 13-24.
5) ANGATU, Casé (SANTOS, Carlos José F. dos). “Ser Esta Terra:
São Paulo Cidade Indígenas”. In: “Espaço Ameríndio: Dossiê Agenciamentos
Indígenas da Forma Museu”. Porto Alegre: UFRGS, Disponível Online em: https://seer.ufrgs.br/EspacoAme.../article/view/102699/58300 , Jan/Jun de 2020.
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6) ANGATU, Casé. “Caso Borba Gato e a descolonização do olha”.
In: Outras Palavras - Jornalismo de Profundidade e Pós-Capitalismo. Disponível
em:
https://outraspalavras.net/descolonizacoes/caso-borba-gato-e-a-descolonizacaodo-olhar/
27 de julho de 2021.
7) ANGATU, Casé (SANTOS, Carlos José F. dos). “Várzea do Carmo:
Lavadeiras, Caipiras e 'Pretos Véios'. “ In; Revista - Memória Energia , São
Paulo, v. 1, n.28, p. 74-96, 2001. Disponível Online em: http://www.energiaesaneamento.org.br/.../santos_carlos...
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8) ANGATU, Casé (SANTOS, Carlos José F. dos). “Igreja Nossa
Senhora do Rosário da Penha de França”. In: Recados - Memória das Relações
Entre a Comunidade e o Patrimônio. São Paulo: Movimento Cultural Penha e
Governo do Estado de São Paulo, 2011
VÍDEOS:
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1) VÍDEO: “DOCUMENTÁRIO: IMIGRAÇÃO EM SÃO PAULO”. São Paulo:
Produção da Secretaria de Educação do Governo do estado de São Paulo, 2014.
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2) VÍDEO: “DVD - MIL TRUTAS MIL TRETAS” . São Paulo, Racionais
MC, 2006. OBS: neste trecho e em outros do DVD são citadas passagens,
documentos e fotos dos meus Livros "Nem Tudo Era Italiano" e
"Territórios Urbanos da Globalização".
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3) VÍDEO: "SAMPÃ DE PIRATININGA - UMA CIDADE RIBEIRINHA -
RITO DE INAUGURAÇÃO DA PLACA RIO ANHANGUERA YYAKÃ ". São Paulo, Camera:
Cibele Forjaz e Edição: Cla Mor, 2017. Esquina de quatro cantos das ruas
General Jardim com a Doutor Cesário Mora Junior.
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4) VÍDEO: "É ISTO QUE CHAMAMOS DE TERRIÓRIO". Obs: O
vídeo é parte do Webdocumentário Mobiliário Urbano: moburb.org.
À todas e todos que realizaram este vídeo meu abraço e
agradecimento profundo. Link do Mobiliário Urbano: http://moburb.org/ABCA01DI08BE10BO07CA05BO14CA04BO11JU04BO0
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5) VÍDEO: “SEMINÁRIO ‘POLÍTICAS CULTURAIS – DIVERSIDADE E
DIREITOS: ARTE, POLÍTICA, SABERES, EXISTÊNCIAS E RESISTÊNCIAS NO SESC-ARSENAL –
Cuiabá/Mato Grosso’, entre os dias 08 – 10 de fevereiro de 2017”. In:
SESC-Arsenal – Cuiabá/Mato Grosso. Disponível Online: https://www.facebook.com/sescmt/videos/1360416850674184/?pnref=story, 27 de Junho de 2017.
Obs: Aparecem no vídeo: Anarroy Yudja; Jucinei Ukuyo Terena; Oráculo Naine
Terena; Pita; Juliana Loiola; Karina Figueredo
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6) VÍDEO: “NEM TUDO ERA ITALIANO” . TV PUC, 1998. Disponível
Online: https://www.facebook.com/libertad.volant/videos/10154893624683168/
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7) VÍDEO SOBRE A HISTÓRIA DA FÁBRICA ADAMASTOR (ATUAL CENTRO
CULTURAL DE GUARULHSO). Disponível Online: https://www.youtube.com/watch?v=MNKfrZOWqTg
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https://www.youtube.com/watch?v=i0RPogARsZI
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NÃO ESQUECE DE ACESSSAR O BLOG PARA LER O TEXTO TODO:
BOGSPOT CASÉ ANGATU: https://caseangatu.blogspot.com/
“Tabatatyba: Piratininga
(Por Casé Angatu)
25 de janeiro de 1554?
Não, bem antes
bem antes
antes
.
Cidade Ribeirinha
Repleta de várzeas
Piratininga
.
Terra dos 12 Aldeamos
Queriam que fossem só jesuíticos
Mais eram Indígenas
Até em seu linguajar
.
Palco da Confederação Tamoia (1554 e 1567)
Guerra de Piratininga (09 e 10 de julho de 1562)
“Jukaí Karaíba!” ...
gritaram meus Parentes Ancestrais
.
Duas das mais belas e intensas páginas da nossa história, da
resistência indígena e originária
Que alguns desejam apagar
Mas, sua memória é indelével
Aqui sempre teve Resistência e (Re)Existência)
.
Aimberê, Cunhambebe,
Pikyroby, Jaguanharan,
Cairuçu, Cauby,
São ... mas não são só nomes de lugares
É a ancestralidade profunda a latejar
.
Imigrantes europeus e de todos os lugares marcam sua vida
Mas nem tudo era [ou é] imigrante em sua história
Fundação do que já estava fundado e habitado?
.
Cidade Indígena, Negra, Migrante,
Imigrante, Caipira, Cabocla, Nordestina
Com o nordeste mais indígenas a chegarem
.
Ygarapés a pulsarem sua indianidade fluída
São Piratininga
Ribeirinha à desvairar
.
Anhangabau, Anhanguera, Aricanduva, Butantã, Cangaiba, Cambuci,
Curuçá, Grajaú, Guaianases, Iguatemi, , Ipiranga, Itaquera, Itaim, Jabaquara,
Jaçana, Jacuí, Jaguara, Jaguaré, Jaraguá, M’Boi Mirim, Moema, Morumbi, Moóca,
Pacaembu, Paissandu, Parelheiros Piratininga, Pirituba, Piqueri, Sapopemba,
Tatuapé, Tucuruvi, São Miguel de Hururahy ...
.
Periferia seu melhor lugar
.
Tabatatyba: Piratininga
Gûyrá Ybaka
Pira Paranã
Îandê Yby
(Povoado de Povos de várias Tabas: Peixe Seco
Pássaros do Céu
Peixes do Mar
Somos a Terra)”
Por: Casé Angatu
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AIÊNTÊN !!!
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AWÊRÊ !!!
Aproveita e assista a este vídeo:
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CRÉDITO DO VÍDEO & AGRADECIMENTO:
Este vídeo é parte do "Webdocumentário Modiliário Urbano: moburg.org." À todas pessoas que realizaram este vídeomeus agradecimentos. Link do "Mobiliário Urbao":
https://moburb.org/#/DA01CA06BO01SA11BO02BE08DI10JU02JU04BO03DI04DA03
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